A Chapa 3 – ADUnB: AUTONOMIA E DEMOCRACIA e o momento que vivemos
Caros(as) colegas docentes da UnB,
Amanhã e depois, 13 e 14 de maio, serão realizadas as eleições para as diretorias do ANDES-SN e da ADUnB-S.Sind. Nós, da Chapa 3 – ADUnB: AUTONOMIA E DEMOCRACIA, pedimos a sua atenção para expormos nossa leitura do momento que vivemos e as razões que nos levaram a apresentar nossa candidatura à direção da ADUnB e nosso apoio à chapa ANDES AUTÔNOMA, DEMOCRÁTICA E DE LUTA para a direção do Sindicato Nacional.
A crise da Universidade Pública brasileira, instituição ameaçada pela falta de autonomia, pela escassez de verbas e pelo espectro de reformas que agravam ainda mais as condições de sua existência, ganhou contornos dramáticos na UnB. A seqüência de administrações da última década e meia ofereceu nossa universidade como campo experimental das políticas do MEC, esvaziou os órgãos colegiados representativos de gestão democrática da instituição e seguiu criando e aprimorando mecanismos de perpetuação no poder, fora do controle da comunidade, que se afastaram progressivamente dos padrões éticos. Essa seqüência de desmandos foi interrompida no último abril, dois meses e meio depois de vir a público o mais emblemático deles – a destinação de R$ 470 mil para a decoração da até então desconhecida residência oficial do reitor.
O que fez a ADUnB ao longo dessa crise?
Na primeira hora, resgatou o histórico das irregularidades cometidas pela administração superior da UnB e pelas fundações ditas de apoio, reproduzindo em sua página eletrônica os oficios que enviou à reitoria da UnB e às direções das fundações, com notificação ao Ministério Público.
Na seqüência, a diretoria convocou o Conselho de Representantes e a Assembléia Geral, indicando a necessidade de abrir um amplo processo de investigação, interna à UnB, para o qual era necessário o afastamento imediato do reitor. Impedida pela Assembléia de 20 de fevereiro de defender a posição que já havia manifestado, a direção da ADUnB não se furtou a desempenhar seu papel dirigente e continuou denunciando os fatos novos, demonstrando a correlação entre eles e o modelo de gestão adotado pela gestão Timothy e anteriores, e chamando a categoria à reflexão e à mobilização.
O Conselho de Representantes, analisando a evolução da conjuntura, convocou nova Assembléia, que ocorreu no dia 10, uma semana depois de os estudantes terem ocupado o prédio da reitoria com uma pauta de reivindicações que começava com o afastamento do reitor e equipe. Na Assembléia, uma das maiores dos últimos tempos, foi anunciado o afastamento temporário do Prof. Timothy. Numa rápida sucessão de fatos, chegamos ao domingo 13 com a notícia da renúncia do reitor, do vice-reitor, a conseqüente vacância dos decanatos e o Consuni se auto-convocando.
Como as chapas que concorrem à direção da ADUnB avaliam esses fatos e a postura da atual diretoria?
Esse é um exame que consideramos essencial para irmos às urnas conscientes não apenas das propostas políticas que constam dos programas, mas também das diferenças entre métodos de trabalho e concepções de direção que levaram à formação das três chapas.
Candidatos e apoiadores da Chapa 1 historicamente apóiam a existência e a atividade das fundações ditas de apoio, assim como apoiaram e foram apoiados pelas administrações do Prof. Timothy e seus antecessores. Desde o início da crise, apontaram as acusações do Ministério Público e a cobertura da imprensa como orquestrações contra a UnB e, em nome da defesa da instituição, deram sustentação à reitoria, desqualificando os autores das denúncias. A ADUnB foi classificada como denuncista e mera canalizadora de interesses dos derrotados em eleições passadas para a reitoria da UnB.
Candidatos e apoiadores da Chapa 2 disseram que a ação da ADUnB era tíbia e vacilante, no primeiro momento. No entanto, vários deles foram contrários à convocação da Assembléia de 10 de abril, preferindo que os docentes da UnB só voltassem a deliberar sobre a crise depois de algum desfecho provocado pela ação dos estudantes.
Respeitamos essas e outras avaliações, mas não as subscrevemos.
Nós, da Chapa 3, achamos que a ADUnB fez o que era correto e possível. Defendeu as posições que estavam ancoradas em princípios éticos, agindo com independência em relação à administração, à imprensa e a outras forças políticas. Foi solidária com o Movimento Estudantil, respeitando acima de tudo sua autonomia, assim como preservou a autonomia do Movimento Docente. Agiu como direção do movimento, não como quem se satisfaz diante da imagem de liderança que vê no espelho, mas como quem aponta o caminho que é seguido pela categoria mobilizada.
A ADUnB combate as fundações ditas de apoio há muitos anos e trabalha em sintonia com o ANDES-SN. Contribuiu com o que foi apurado aqui na UnB entre 2003 e 2004 para uma publicação nacional (a cartilha “Universidade pública X Fundações ditas de apoio”, do ANDES-SN) e agiu sintonizadamente com o Sindicato Nacional e as demais seções sindicais nos encaminhamentos junto ao Ministério Público.
Por que votar na Chapa 3
Assim como nos episódios que marcaram os primeiros meses de 2008, nós, candidatos e apoiadores da Chapa 3, avaliamos que a ADUnB tem acertado muito mais do que errado. Por isso orgulhamo-nos de ter o apoio da atual diretoria e de grande parte dos diretores das gestões anteriores. Mas as respostas às perguntas que às vezes nos são feitas devem ser dadas pelos representantes das respectivas gestões, não por nós. No quadro-síntese que segue, o(a) colega vai achar uma breve comparação entre as chapas. Esperamos que seja útil e lhe ajude a tomar uma decisão correta nesta terça 13 ou quarta 14 de maio.
Tópico
| Chapa 1 | Chapa 2 | CHAPA 3 |
Eleição paritária para reitor | Não diz claramente, mas seus candidatos vêm se manifestando pública e reiteradamente contra a paridade. | Entende como uma etapa para se alcançar o ao voto universal. | Avalia como o modelo mais adequado dentro do processo histórico da UnB. |
Gestão paritária | Não diz claramente, mas seus candidatos vêm se manifestando pública e reiteradamente contra. | É favorável que todos os conselhos e colegiados sejam paritários. | É contrária à gestão paritária, mas defende que a representação dos segmentos nos conselhos e colegiados deve levar em conta a natureza do órgão. |
Expansão da UnB | Não se posiciona a respeito como Chapa, mas alguns de seus candidatos estão ligados à criação de novos cursos no escopo do projeto de expansão proposta na gestão do ex-reitor Timothy Mulholland. | Defende a mais ampla rediscussão e redefinição do projeto de expansão da UnB. | Defende a ampla e imediata rediscussão do projeto de expansão da UnB, a retomada da discussão do papel dos cursos noturnos como instrumento de inclusão social e o melhor aproveitamento do Campus do Plano Piloto. |
Posição em relação ao ex-reitor Timothy Muholland | Na assembléia da ADUnB de 20/fev/08, seus membros, majoritariamente, votaram pela permanência do prof. Timothy como Reitor. | Na assembléia da ADUnB de 20/fev/08, todos os seus membros, votaram pelo afastamento do prof. Timothy. | Na assembléia da ADUnB de 20/fev/08, todos os seus membros, votaram pelo afastamento do prof. Timothy. |
Enfrentamento da crise na UnB | Não explicitou posição diante da crise de gestão da UnB e preferiu desqualificar quem denunciou os desmandos. | Propôs a dissolução de todos os conselhos para renová-los com composição paritária. | Defendeu o fortalecimento e valorização das instâncias colegiadas e representativas de gestão democrática. |
Relação com as fundações | Tem a visão mercadológica do papel das fundações, coincidente com o papel que elas vêm desempenhando. | Descredenciamento junto à FUB de todas as fundações que praticaram atos ilícitos e irregularidades. Transferência das atribuições das fundações privadas para a FUB. | Propõe a promoção de ampla discussão no âmbito da UnB, tendo referência as resoluções congressuais do ANDES-SN (69. Continuar denunciando que as Fundações Privadas de Apoio são desnecessárias e perniciosas ao desenvolvimento do ensino, da pesquisa e da extensão, dentro de uma lógica da produção do saber e do desenvolvimento científico, público e socialmente referenciado, nas Instituições Públicas de Ensino Superior. 70. Defender, nos termos já aprovados, a desvinculação gradual e total de todas as IES públicas das respectivas Fundações Privadas de Apoio, uma vez que estas últimas são importante canal de negócios e interesses mercadológicos.). |
Relação com o Sindicato Nacional | Tem simpatizantes do pretenso sindicato paralelo (Proifes) entre os membros da chapa. | Defende o ANDES-SN como único sindicato da categoria. | Defende o ANDES-SN como único sindicato da categoria. |
Brasília, 12 de maio de 2008